quarta-feira, setembro 09, 2009

Em homenagem a "todos nós" becas, pensamentos krishnamurti

..."O problema por conseguinte, é este: para que o homem possa transformar-se radicalmente, fundamentalmente, torna-se necessária uma mutação nas próprias células cerebrais de sua mente. Dizem-nos que devemos mudar, que devemos agir, que devemos transformar nossa mente, nosso coração, tornar-nos uma coisa totalmente diferente. Isso vem sendo pregado há milhares de anos por homens muito sérios, muito ardorosos, e também por charlatães interessados em explorar o povo. Mas, agora, chegamos ao ponto em que não há mais tempo a perder. Compreendei isto por favor. Não dispomos de tempo para efetuar gradualmente tal transformação. Os intelectuais de todo o mundo estão reconhecendo que o homem se acha à beira de um abismo, na iminência de destruir a si próprio. Nem religiões, nem deuses, nem salvadores, nem mestres, nem as lenga-lengas dos gurus, poderão impedi-los. Dizem os intelectuais ser necessário inventar uma nova droga, uma 'pílula dourada' capaz de produzir uma completa transformação química; e os cientistas provavelmente descobrirão esta droga. Não sei se estais bem a par dessas coisas. Ora conquanto o organismo físico seja um produto bioquímico, pode uma droga, uma superdroga fazer-vos amar, tornar-vos bondosos, generosos, delicados, não violentos?
Não o creio; nenhum preparado químico pode fazer os homens amarem-se uns aos outros. O amor não é um produto do pensamento; também não é cultivável, como a flor que cultivamos em nosso jardim. O amor não pode ser comprado numa drogaria, e o amor é a única coisa que poderá salvar o homem - e não os artifícios das religiões, nem seus ritos, nem todos os exércitos do mundo. Podemos fugir, assistindo a concertos, visitando museus, entregando-nos a divertimentos de toda ordem - debalde! - porque o homem se acha hoje em dia em presença de um tremendo problema: se tem a possibilidade de transformar-se radicalmente, de efetuar uma total mutação de sua consciência, não amanhã, nem daqui a alguns anos, mas agora! Eis o problema principal: se o homem, em qualquer país que viva, com todas as suas belezas naturais, é capaz de operar uma mutação radical em seu interior, imediatamente. E não podeis resolvê-lo com vossas crenças, vossas ideologias, vossos deuses, salvadores, sacerdotes e rituais. Essas coisas já não tem o menor significado."


"Podemos ir longe, se começarmos de muito perto. Em geral começamos pelo mais distante, o "supremo princípio", "o maior ideal", e ficamos perdidos em algum sonho vago do pensamento imaginativo. Mas quando partimos de muito perto, do mais perto, que é nós, então o mundo inteiro está aberto — pois nós somos o mundo. Temos de começar pelo que é real, pelo que está a acontecer agora, e o agora é sem tempo."


…" Falamos da vida — e não de idéias, de teorias, de práticas ou de técnicas. Falamos para que olhe esta vida total, que é também a sua vida, para que lhe dê atenção. Isso significa que não pode desperdiçá-la. Tem pouquíssimo tempo para viver, talvez dez, talvez cinquenta anos. Não perca esse tempo. Olhe a sua vida, dê tudo para a compreender."

"Como sabeis, segurar a mão de alguém não é um fato intelectual; quando estais em relação emocional com a pessoa, há harmonia, comunhão, há um sentimento entre as duas pessoas. Da mesma maneira, para comungarmos uns com os outros, devemos dar-nos as mãos, emocionalmente, não intelectualmente. Esse mesmo contato emocional, compassivo, afetuoso, deveis ter com o fato do medo, com o fato do pensamento, que vamos examinar. A menos que estejais emocionalmente em contato com o fato, vitalmente, diretamente em contato com ele, não passareis além das primeiras poucas palavras. Enquanto houver divisão entre pensador e pensamento, será inevitável o medo. Vede porque isso acontece: porque há contradição entre o pensador e o pensamento. O pensador está procurando guiar, controlar, moldar, disciplinar o pensamento; mas, por causa dessa divisão, há conflito, há contradição; e onde há contradição, há o impulso para dominá-la, transcendê-la — e aí está a própria essência do medo. Assim, vós tendes de compreender o processo pelo qual surge essa separação entre o pensador e o pensamento, e não aceitar o que outro qualquer disse — não importa quem seja: o mais antigo, mais iluminado dos instrutores, ou o mais moderno. Não aceiteis nada de ninguém, mas investigai sempre. Não sigais ninguém; quando seguis, sois incapaz de aprender. E só podeis aprender se estais investigando sem ter um motivo. Se estais investigando com um motivo, estais apenas adicionando, procurando resolver algo que não pode ser resolvido. Por conseguinte, não sigais o que aqui se está dizendo, nem o aceiteis como verdade evangélica — porque não o é. O que outro diz não é a verdade evangélica; vós tendes de descobrir por vós mesmo, sem nenhuma restrição. E isso só é possível quando sois livre, quando vossa mente é imaculada e compassiva.
Há o pensador e há o pensamento. Sabemos disso. É o que fazemos todos os dias: essa divisão. O pensador é o censor, o pensador é o juiz, o pensador é o centro acumulador de conhecimento, de experiência psicológica, etc. É o pensador que reage a todo “desafio”; e sua comunhão, seu contato com uma coisa se efetua por meio do pensamento — se não pensásseis, não haveria pensador. Essa divisão, esse conflito, gera o medo. O centro, o observador, o experimentador, o pensador, está estabilizado; e o pensamento é errante, move-se, modifica-se. O centro nunca muda; ajusta-se, disfarça-se, cobre-se com novas roupagens, novo verniz, novas características; mas ele lá está, sempre. E esse centro gera o medo, porque “reage” sempre de um ponto fixo, embora possa ser flexível.
O pensamento, pois, institui o pensador; não é o pensador que institui o pensamento; porque, se não há pensamento, não há pensador. É possível não pensar absolutamente, não ter um só pensamento que seja, e esse extraordinário estado mental é que é vazio e, por tanto, contém todo o espaço. Só é realizável esse estado pela meditação. Mas não digais: “Aguardarei o dia em que falareis sobre a meditação; então investigarei”. Não podereis fazê-lo então. Precisais lançar as bases; e para lançardes as bases, deveis estar em contato; e não podeis estar em contato se apenas vos pondes em relação intelectual ou sentimental. Deveis estar em contato totalmente, com todo o vosso ser — vosso corpo, vossos sentidos, vosso coração, tudo o que tendes."

5 Comments:

Blogger f said...

o nome becas no titulo da mensagem is a nosense

´sou um guarda-lamas`

um xi coração...enquanto houver!

5:57 da tarde  
Blogger kcm said...

Eis o Grande Princípio e a Derradeira Ilusão: optar pelo Medo ou pelo Amor. Aqui, agora e imediatamente, qual é a minha opção?
É que se é o Amor, não esperem, pois a espera já é príncipio ilusório do Medo! O Medo fala, explica, cria leis e reclama por novas "ferramentas" a serem forjadas... Ilusão! Estou cheio de medos! Emaranhado nas dificuldades que eu próprio crio e continuo a criar. Acontece assim porque ainda não optei verdadeiramente, e o Medo vai crescendo... ir optando sem nunca optar de vez.

3:56 da tarde  
Blogger f said...

Tudo é ilusão...mas se não fosse...não teria piada...em parecer tão real!

4:40 da tarde  
Blogger f said...

Então ... entra na dimensão da realidade!

4:47 da tarde  
Blogger f said...

Krishnamurti...pode ter pensado...muita coisas e dito muito mais...mas a maneira como ele observa a composição da nossa realidade...o nosso mundo... sem separar... premitindo...que as coisas tomem o seu exacto lugar...seja ele qual for, meu irmão! Querendo com isso que todos, por si mesmos cheguem mais profundamente as suas proprias vivências... e consciências! Sabendo que para transformar o que é...o que é tem que ser o que é...pois não sendo nunca poderá ser transformado!
É neste ponto...onde sinto que vejo uma pessoa inteira neste Homem Krishnamurti!

5:01 da tarde  

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