quinta-feira, outubro 25, 2007

Myanmar ou Birmânia - A paz podre

O espanto chegou pela televisão. em finais de Agosto viram-se imagens pouco habituais de monges budistas a marchar sobre Rangoon, em protesto contra a Junta Militar birmanesa. No final de Setembro já contavam mais de 200 sacerdotes mortos e centenas de detidos (os monges budistas da antiga Birmânia distinguem-se dos tibetanos essencialmente por praticarem o budismo zen). A União Europeia e os Estados Unidos reforçaram as sanções a Myanmar -nome que o regime militar atribui ao país em 1989, um ano depois do extermínio de cinco mil opositores. As Nações Unidas nomearam um enviado especial Ibrahim Gambari, para tentar convencer os generais a responderem aos protestantes com palavras em vez de armas. Mas nada disto surtiu grande efeito. Segundo o enviando especial do jornal inglês The Observer à antiga colónia inglesa, «depois da esperança de que algo mudasse, os birmaneses sentem agora solidão e medo».
A gota de água para as últimas manifestações foi o aumento do preço dos combustíveis, decretado pelo Executivo a 15 de Agosto. Aos primeiros protestos, as autoridades feriram gravemente três clérigos, o que provocou a fúria da comunidade budista. Os líderes religiosos apontaram o dedo ao uso despropositado da força e exigiram um pedido oficial de desculpas, que nunca aconteceu. e o rastilho voltou a acender-se. A Birmânia vive em ditadura militar há 45 longos anos, com a tradicional resistência dos monges e da classe política. Aung San SuuKyi, líder da oposição democrática, passou 11 dos últimos 18 anos presa - apesar de ter ganho o Prémio Nobel da Paz em 1991.
A China, principal fornecedor de armamento à Junta, vetou as sanções da ONU contra o seu aliado no Sudeste Asiático. Segundo muitos comentadores políticos, o império do Meio tem-se revelado o maior entrave à pressão internacional pela mudança. O facto é que, dois meses depois dos primeiros protestos, já a convulsão birmanesa deixou de estar na agenda do dia. Ainda não foi desta, pensarão os monges. É que a paciência, mesmo para os budistas, há muito que se esgotou.

R.J.R.

2 Comments:

Blogger f said...

Sempre em luta!!!

5:05 da tarde  
Blogger pasta7 said...

e assim vai o mundo...
quando o poder que governa o mundo é o económico, poder ditaturial, porque não eleito,quando este compra as armas e o medo, quando as potências se temem umas às outras pelo zelo dos lucros dos seus mercados... esperar o quê? As Nações Unidas, neste momento, não passa de um navio fantasma, de um reflexo ilusório, de um espectro podre que ocupa o espaço de Novas Ideias para o mundo...

máquinas de guerra, defesa internacional das interesses nacionais e particulares... safodam os monges... assim estamos! sempre?

6:02 da tarde  

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