sexta-feira, novembro 16, 2007

incómodo da polifonia

Votados à nossa própria imagem, à nossa identidade, ao nosso look, transformados no nosso próprio objecto de cuidados, de desejo e de sofrimento, tornámo-nos indiferentes a todo o resto. E secretamente desesperados por essa indiferença, e invejosos de toda a forma de paixão, de originalidade ou de destino, aí encontramos o Outro ressuscitado, o Inimigo enfim reencarnado. Aquele que, pela sua paixão, desmascara a nossa indiferença, a nossa pusilanimidade ou a nossa tibieza, aquele, o Outro, que pela força da sua presença ou do seu sofrimento, desmascara o nosso pouco de realidade, merece o aniquilamento.
Baudrillard

1 Comments:

Blogger hugo37 said...

Carissimo,
este texto denso e de compreensão dificil que requer mais que uma leitura para o seu bom entendimento, traduz uma realidade vergonhosamente presente nesta maneira de estar dos tempos actuais. A culpa não é inteiramente de ninguém em particular mas de todos como consciente social; mesmo que cada um por si só seja capaz de começar a transformar essa verdade menos positiva no seu dia a dia, nas suas relações.
O facto de se tomar consciencia da maleita ainda que através de alguém que com sua paixão ou com a força da sua presença desmascara a nossa indiferença, é quanto a mim, já um passo no sentido da mudança. Por isso, pela força da presença das palavras que aqui publicas-te e pelo que me dizem, obrigado.

4:04 da tarde  

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