segunda-feira, junho 28, 2010

Como se planassem no ar, seis bailarinos entram pelo salão principal de uma antiga estação de trem em Istambul, na Turquia, para uma apresentação pública. Em fila indiana, posicionam-se ao centro. Vestem saias rodadas e coletes de lã. Sobre as cabeças, chapéus cônicos em tons pastéis. Cruzam os braços diante do peito e começam a incorporar falas de uma oração, embalados por uma música hipnótica. De repente, eles, os dervixes rodopiantes, entram em transe. E não param de rodar.


A palma da mão esquerda é voltada para a terra. A da direita, para o céu. A idéia é transformar o corpo em um fio condutor entre os dois universos.

A cabeça e os braços leves dão a sensação de que orquestram o movimento contínuo de todo o corpo. Os dançarinos parecem alcançar um estágio alucinógeno, quase um plano superior, enquanto rodopiam. Na parada, fixam-se lentamente, como se ignorassem a vertigem.

Adeptos mais famosos do sufismo, braço místico do islamismo, os dervixes são fiéis a seu mestre, o poeta Jelaleddin Rumi. O nome vem de "suf" (lã, em árabe) por conta de os primeiros sufistas terem feito voto de pobreza e usarem roupas ásperas desse tipo de pêlo. Acreditam que a dança, chamada sema, promove comunhão direta e em êxtase com Alá.

By Roberto de Oliveira
Revista da Folha

1 Comments:

Anonymous se7e said...

o sufismo merecia ser mais conhecido, usam como símbolo um coração alado! e tem uma teo-filo-sophia muito viva e interessante:
http://5-essencia.blogspot.com/2009_03_01_archive.html

12:56 da manhã  

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