domingo, abril 29, 2007
sexta-feira, abril 27, 2007
RESCALDO DAS COMEMORAÇOES 25 ABRIL
(Diário de Noticias 27/04/07)
“Portugueses adiam compra de carros para Julho”
(Sol 21/04/07)
“Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque (triste de mim!), porque não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?
Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo, que desmaia.
Oh! Venha... Oh! Venha e trémulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!
Eia! Acode ao mortal que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo.
Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do génio e prazer, ó Liberdade!”
(Manuel Maria Barbosa du Bocage)
Um dos quais, aquele a que me vou referir como exemplo, Dogville.
Independentemente de caber nos meus padrões preferenciais em termos cinematográficos, reconheço-lhe no mínimo, originalidade.
Visto como uma obra, um livro, um quadro, uma peça de teatro, “um”, apresenta, acima de tudo, uma forte componente artística e portanto, comunicativa no sentido de fazer passar a mensagem.
Percebe-se na construção da trama e no foco humanista do tratamento dos personagens influências de escolas de filosofia, especialmente as gregas. Por duas vezes cita-se nos diálogos os ensinamentos dos estoicistas, uma escola que pregava o abandono da emoção para vivermos sem dor. E muito da moral da história gira em torno da diferença entre o altruísmo - dar sem esperar nada - e o quid pro quod - que exige uma compensação equivalente para cada acção.
Ora, onde quero chegar com este exemplo é precisamente a uma analogia com a sociedade moderna e mais concretamente com a geração mileurista.
Para quem viu o filme, se nós formos os habitantes de Dogville e a sociedade em que vivemos for a linda Nicole Kidman, parece-me certo haver um esgotamento das nossas relações de troca.
Em concordância com a nossa natureza (humana), não mais somos nómadas e temos por hábito instalarmo-nos em determinado espaço e extrair os seus recursos até à exaustão, até se esgotarem.
A meu ver, o mesmo se passa com este modelo social, democrático, consumista, marketeer, visual, sensacional. Está a esgotar-se e o vazio que sentimos com “mileuros” é não mais do que um sintoma da necessidade de renovação das nossas mentalidades e por conseguinte de toda a vida comunitária global, assim como das nossas relações de troca. Será chegada a altura de dar?
No filme, subentende-se uma implosão comunitária, no fim, só vive o cão da aldeia….saque, saque, mais saque, até à corrosão total dos valores morais, até à hora do pagamento.
Na história do planeta, o mesmo aconteceu com os anteriores modelos sociais, as ditaduras, os impérios, enfim…todos implodiram para o seu âmago, para se renovarem, precisamente por serem incompletos. Todos os seus grandes mentores foram sacrificados ou se suicidaram.
Será que o que nos falta para perceber o problema é apenas distanciamento histórico contextual??? Precisaremos de mais 50 anos ou 100 para depois ler nos livros??? Sim, porque de certo se tivéssemos vivido durante os processos evolutivos anteriormente mencionados, não os perceberíamos em toda a sua dimensão...se eu tivesse sido judeu na Alemanha de Hitler, apenas algures nos últimos 20 anos teria tomado contacto com a palavra Holocausto. No seu tempo, provavelmente não parecia mais do que uma injustiça social monstruosa.
Apenas mais um exercício de reflexão.
PS: Não sugiro nada, só crítico, no sentido de reflectir. (vivo para pôr em causa, afinal, cada um com a sua)
Procuro o distanciamento como ferramenta que me permita melhor avaliar os problemas e as realidades que me rodeiam e não dar soluções aos pontapés. Não vá às vezes ter sido assim, aos pontapés, na certeza de se estar a fazer o melhor, o ideal, a corresponder totalmente à urgência de acção, à primeira coisa que fez sentido, que ainda não percebemos o problema na sua real dimensão e criamos geraçoes mileuristas.
Obrigado pela sugestão dos filmes.
quinta-feira, abril 26, 2007
quarta-feira, abril 25, 2007
terça-feira, abril 24, 2007
mileurista.2
Idade: 29 anos.
Nacionalidade: Alemão.
Residência: Berlim.
Habilitações: Licenciado em Economia e Gestão.
Quanto ganhas e quais as tuas fontes de rendimento?
Sou pesquisador na Universidade Técnica de Berlim, Faculdade de Economia, na área de Economia de Inovações. Ganho cerca de € 1200 por mês a trabalhar oficialmente 20 horas por semana, na verdade são cerca de 30 horas.
Que despesas fixas tens?
Divido um apartamento com dois amigos. A renda, gás, electricidade, telefone e Internet fazem cerca de € 350 por pessoa, por mês (Berlim é uma cidade barata comparada com outras cidades alemãs). Em alimentação gasto mensalmente € 250 e em transporte € 100.
O que fazes com o dinheiro que sobra?
Bares, clubes, viagens, festas, aulas de acordeão e roupa.
Estás financeiramente satisfeito ou precisarias de ganhar mais (e para quê)?
Estou satisfeito. É o suficiente para me sustentar. Claro que gostaria de ganhar mais para fazer viagens mais longas (por exemplo Brasil), comprar equipamento técnico e instrumentos de música, para organizar mais festas, mas não a custo de ter menos tempo livre.
Quanto custa 1 café no local onde moras?
Um pote grande de café “normal” alemão custa €1,20, uma bica expresso custa €1,50.
Ao contrário da maior parte dos países da UE em Portugal o emprego temporário é uma realidade mais próxima das pessoas com habilitação superior, por comparação com os menos qualificados. Estes, bem como os detentores de formação média, gozam de maior segurança no emprego.
segunda-feira, abril 23, 2007
Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor
A ideia de celebrar este dia surgiu na Catalunha, onde é oferecida uma rosa a cada pessoa que compra um livro. Desde então o dia 23 de Abril tem sido comemorado de diversas formas um pouco por todo o mundo. Todos os anos o Comité da UNESCO nomeia a Capital Mundial do Livro. Este ano o programa para a promoção do livro escolhido foi o de Antuérpia.
sexta-feira, abril 20, 2007
em 1º lugar, uma pequena introdução ao tema. peço-vos o favor de visitar este link: http://news.bbc.co.uk/1/hi/entertainment/music/1926727.stm
trata-se de um projecto de world music de damon albarn, de 2002, que explora o som do mali, inserido numa acção humanitária da oxfam. http://www.oxfam.org.uk/coolplanet/kidsweb/stars/damon0.htm?searchterm=damon+albarn
aproveito para acrescentar que durante esta experiencia, quem quiser, pode fumar. :-)
agora peço-vos que relaxem, e se comecem a projectar para o interior africano. a seguir, por favor liguem o filme que está por baixo deste texto, fechem os olhos, e apreciem o pôr do sol.
mileurista.1
quinta-feira, abril 19, 2007
mileuristas
Em português a editora Dom Quixote tem publicados os livros "Irlanda", "Onde sempre é Outubro", "Pêssegos Gelados" e "Primeiro Amor". “ Mileuristas”, foi publicado pela Ariel espanhola, ainda sem tradução para português.
Os mileuristas nasceram já em democracia. É a geração das actividades extra-escolares, os que tiveram oportunidade de ir ao karate, ao inglês e à catequese, mas também à informática. Uma geração que viajou, que fez o inter-rail e que muitas vezes estudou com uma bolsa num país estrangeiro. São consumistas porque lhes ensinaram a ser. Eram filhos de pais jovens entre os anos 60 e 80 que viveram as transições politicas. A geração dos seus pais, proveniente de famílias numerosas, lutou pelos seus direitos, saltando rapidamente para o poder. Constituíram oportunidades e usufruíram de garantias do Estado, dadas em anos de grandes utopias. Foi uma geração que conseguiu comprar uma segunda casa para passar férias e que ambicionou que os seus filhos tivessem ainda uma vida melhor. Para eles ter um filho médico, engenheiro, arquitecto ou economista era uma garantia de sobrevivência. Por isso não lhes pediram outra coisa senão que estudassem e fossem para a universidade. Nós, os mileuristas, herdamos em parte as ânsias desses pais e apenas quisemos estudar para garantir um emprego e uma casa. Conseguimo-lo com esforço e muita ajuda dos papás.
Quando chegamos à universidade rapidamente nos demos conta que éramos já demasiados. Com tantos licenciados não há empregos compatíveis com as nossas aptidões. Em parte, isso explica os contratos precários um pouco por toda a Europa e a sua versão portuguesa dos recibos verdes, que é muito mais vergonhosa e intolerante. Sem emprego, muitos de nós ainda optamos por mais formação, fizemos mestrados e mesmo doutoramentos, alguns através de bolsas pagas pelo Governo e ajudado pela Comunidade Europeia. Contudo, não sabíamos que, dez anos mais tarde continuaríamos sendo bolseiros. Em geral, ninguém podia ter percebido que a sociedade tinha mudado e que tinha deixado para trás toda uma geração sem saber muito bem como nem quando.
Não fomos educados a cooperar e sim a competir. Aliás, fomos educados a viver o “momento”. Fomos a primeira geração que viveu a invasão do consumismo norte-americano, a primeira geração que podia passar o seu aniversario com os amigos no McDonalds ou no chinês. Fomos a geração que teve uma semanada ou mesada, inclusivé dobrada quando tínhamos pais divorciados ou separados. Portanto, não tínhamos muito dinheiro, mas tínhamos sempre algum para gastar. Vivemos a chegada da Zara e da Mango, que nos permitiu renovar constantemente o guarda-roupa. Somos portanto uma geração sem trabalho assegurado, em geral pouco remunerado, e sem qualquer capacidade de poupar. Gostamos de sair à noite porque esta é uma das gratificações imediatas a que estamos habituados. Somos uma geração que viu tanta publicidade, tantas versões invertidas e revertidas do mundo, que curiosamente trocamos o branco pelo negro e não estranhamos. Somos, por isso, uma geração cínica. Uma geração de “comboiadas”, que se ri um pouco de tudo, porque vivemos a sensação de que outra coisa não se pode fazer: “tem sido divertido viver assim, porque usufruímos de muito lazer, porque fomos mimados, protegidos e crescemos com televisão e com 1000 comodidades. No entanto, já cansa” - diz a rapariga Carolina Alguacil, inventora do termo”mileuristas”, numa carta aberta, em 2002 ao jornal “El País”. Esta paródia em que a nossa vida se tornou apenas tenta esconder geralmente um vazio interior. Um vazio por ter perdido todas as expectativas e referentes.
quarta-feira, abril 18, 2007
Picasso - Para Viver:
Frequenta, de preferência, amigos alegres. Os de "baixo astral" põem-te em baixo.
Continua aprendendo... Aprende mais sobre computador, artesanato, jardinagem, qualquer coisa. Não deixes o teu cérebro desocupado. Uma mente sem uso é a oficina do diabo. E o nome do diabo é Alzheimer.
Aprecia coisas simples. Ri sempre, muito e alto. Ri até perder o fôlego. Lágrimas acontecem. Aguenta, sofre e segue em frente.
A única pessoa que te acompanha a vida toda és tu mesmo. Mantém-te vivo, enquanto vives!
Rodeia-te daquilo de que gostas: família, animais, lembranças, música, plantas, um hobby, o que for.
O teu lar é o teu refúgio. Aproveita a tua saúde; Se for boa, preserva-a. Se está instável, melhora-a. Se está abaixo desse nível, pede ajuda.
Não faças viagens de remorso. Viaja para o Shopping, para a cidade vizinha, para um país estrangeiro, mas não faças viagens ao passado.
Diz a quem amas, que realmente os amas, em todas as oportunidades. E lembra-te sempre de que: A vida não é medida pelo número de vezes que respiraste, mas pelos momentos em que perdeste o fôlego: de tanto rir... de surpresa... de êxtase... de felicidade..."
(Pablo Picasso)
Contacto com a Alemanha
Abaixo publico excerto do email que me enviou, para lerem com carinho e recordarem aquele sotaque germanotuga... reparem que bem escreve Portugues, ainda.
Grande Nina, muitas saudades
PS: Atur fala-me para enviares um convite para o blog á Nina.
"Ola Hugo, que novidades..... melhor novidade é que vais ser pai em breve ! Que bom....A tua querida mae vai ser avo !!!!! Nao me acredito ! O Hugo vai ser pai ! Pensaste nisso alguns anos atras? Entao es pai antes de mim ( ser mae !!!!) Acho que o meu namorado e eu vamos nos casar no proximo ano..... e ter familia......... O Christopf vai se casar fim de Julho . O meu irmaosinho vai se casar...tambem antes de mim ! Mas nao é problema, certeza ! Ele faz 27 anos em Maio, eu 31 em Novembro ! Ele e a namorada so nos informem da data do casamento e mais nada. Vai ser casamento especial...sabemos nada, nem o sitio, horas, nada.......é grande supresa ! Mas vai ser fiz !!!!! A ideia com o blog é boa ! Ver fotos antiguas, falar sobre os tempos antigos.....beleza ! Infelizmente, nao posso estar com voce! Mas penso em voces todos ! Vou te mandar alguns fotos nesta ou na proxima semana !!! Por favor, tanto faz quando voces se encontram, bejinhos para todos ! Tenho grandes saudades ! Sempre quando tenho contacto com portugueses ( clientes) ou contigo.....sempre tenho saudades e boas recordacoes. Claro, que tenho mais saudades quando falo com pessoas conhecidas e queridas, como tu..... A minha mae faz 60 anos no proximo ano, em Agosto. Ele quer fazer uma viagem para Portugal e festejar o dia de aniversario lá ! Que bom ! Ainda tens contacto com o Goncalo grande? Este que estava contigo na escola...lembras te ? Grand abraco para o pai em breve, muitos abracos para a tua familia ! Nina"
terça-feira, abril 17, 2007
palavras sábias
segunda-feira, abril 16, 2007
O TUMULO PERDIDO
quarta-feira, abril 11, 2007
arte, beleza e contextos
A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do jornal "Washington Post", que pretendeu lançar um debate sobre arte, beleza e contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava com um Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares.
Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi ostensivamente ignorado pela maioria.
A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que, diz o jornal, indicará que todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós.
josé pestana-lusa
Na senda das Pics...
No meio do monte eu vi um cheiro de uma cor tão intensa, que quase conseguia ouvir o pensamento das pessoas que por ali passaram hà tantas vidas...
Eram monges, Beneditinos, daqueles que vivem em silêncio e completamente isolados da civilização e das coisas mundanas, despidos de toda uma experiencia, buscando o Deus que hà em Si, vestidos apenas de uma outra...
Era um mosteiro datado do sec. Xll em ruinas e exposição permanente por data indeterminada desde que fora concebido.
É que era quase perfeita aquela sensação que por lá se vivia, não fosse a Abadia ser da Super Bock.
Só umas imagens de um sitio porreiro para partilhar convosco.
Um abraço